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O primeiro e único Deus chinês esquecido – qual sua relação com o Deus bíblico?

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Na China, há vários séculos antes de Cristo, o povo adorava apenas um Deus. Eles o chamavam de “Shang Ti” (O Senhor do Céu). Não é só o fato da China antiga ser monoteísta (assim como os cristãos e judeus) que chama a atenção, pois tudo indica que eles adoravam exatamente o Deus bíblico. Essa crença inclusive é anterior ao Confucionismo, Taoismo e Budismo.

Assim como nosso Deus judaico-cristão Yahweh (que é representado pelo tetragrama YHVH), “Shang Ti” era o único digno de adoração na China e não podia ser adorado através de imagens ou de ídolos. Essa crença aparentemente durou até as primeiras dinastias chinesas que vão desde 1066 a 770 aC, quando o imperador da época determinou para si o título de “Suficientemente Bom”, tornando o culto à Shang Ti permitido apenas uma vez por ano.

Pensa-se que foi a partir desse ponto que a China começou a ser tornar politeísta, pois ao povo comum foi proibido render culto diretamente a Shang Ti. Foi imposta a ideia que eles seriam “muito pequenos e humildes diante de Shang Ti, portanto somente o “grande pai Imperador” podia prestar culto diretamente à Ele. Com o tempo, o povo começou também cultuar não só deuses diversos, mas seus antepassados e homens deificados como Confúcio, Lao Zi e Buda.

Três séculos depois da Dinastia Imperial, dois movimentos religiosos filosóficos (Taoismo e Confucionismo) se materializaram tentando, talvez, preencher o vazio deixado pelo antigo culto à Shang Ti e, a princípio, retomar uma legítima adoração monoteísta.

Em 1823, Jean-Pierre Abel-Rémusat, especialista em literatura chinesa, publicou uma interessante tradução dos trabalhos de Lao Zi (fundador do Taoismo) no qual se vê não somente a linha monoteísta que ele seguia, mas inclusive uma semelhança com o nome de Deus em hebraico YHVH. Lao Zi havia dito:

Aquele que olhais e não vedes chama-se J [ 夷 ].
O que escutais e não ouvis chama-se H [ 希 ].
O que vossa mão busca e não pode tocar chama-se V [ 微 ].
São três seres incompreensíveis que não formam mais do que um. O primeiro não é mais brilhante, o último não é mais escuro.
Antes do caos que precedeu o Céu e a Terra, existiu um ser, um só, imenso, silencioso, imutável, mas sempre ativo. Esse é a mãe de todo Universo.
Ignoro seu nome, mas o simbolizo pela palavra ‘Tao’ (Razão primordial e principal, Inteligência criadora ou o Caminho).
Pode-se dar nome a uma razão primordial (Tao): ‘sem nome’ é a geração do Universo… a razão produziu um, um produziu dois, dois produziram três, e três produziram todas as coisas.
Todas as coisas deixam para trás a obscuridade da qual elas vieram e seguem para abraçar a luz em meio à qual surgiram, ao passo que tudo é harmonizado pelo sopro que paira sobre o vazio.

Jean-Pierre Abel-Rémusat observou que as 3 letras chinesas que transliteramos para ‘J, H, V’ não pertencem a língua chinesa e as sílabas do texto chines não formam sentido neste idioma, de modo que seria estranho que os sinais do Ser Supremo nada significassem na língua chinesa, mas ao mesmo tempo, é estranho que se pareçam tanto com o tetragrama sagrado dos hebreus que é transcrito pelas letras JHVH.

Por esses exemplos somos levados a crer numa origem comum edênica ou adâmica do pensamento humano que buscava o conhecimento de um Deus único, criador do Universo e do ser humano.

Fonte: Trechos retirados de uma aula sobre a Tradição Adâmica, da Série Evidências, do Dr. Rodrigo Pereira Silva, Teólogo, Filósofo e Arqueólogo.

Imagem topo: Wikipedia

9 thoughts on “O primeiro e único Deus chinês esquecido – qual sua relação com o Deus bíblico?

  • Pablo Almeida

    Ola, gostei muito do artigo e tenho algo a acrescentar sobre o DEUS ÚNICO dos chineses.
    Vc já ouviu falar das 10 Tribos perdidas de Israel?
    A alguns anos ganhei um DVD que fala sobre isso.
    As 10 Tribos que pertencia a Israel, após a divisão do Reino, foram levadas cativas, ficando somente o Reino do Sul, Judá, com Duas Tribos e meia.
    As 10 Tribos nunca mais voltaram, e se espalharam pelo mundo.
    Existe vestígios de costumes Israelenses na China, Índia, Japão e outros países.
    Na China existe segundo esse estudo algumas pessoas que ainda guarda esses costumes.
    Ok, isso são algumas coisas.
    Por isso os Chineses adoravam o ÚNICO DEUS,porque o povo de Israel este entre eles.

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    • Raciocínio Cristão (admin)

      Olá Pablo, a paz seja contigo.
      Obrigado pelo comentário, é sempre bom aprendermos mais.
      Por favor, qual é o nome deste DVD que fala sobre isso?
      Abraços

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      • Fabio lemos

        TAMBÉM OUVIR FALA DAS 10 E MEIA QUE FOI LEVADA EM CATIVEIRO E QUANDO FOI COLOCADO O POVO SAMARITANO…MAS PELO CALENDÁRIO DA PRA VER QUE A CHINA NA ÉPOCA JA EXISTIA

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  • Marques

    Uma raça que caminhava para o progresso, hoje caminha para desgraça, pobres chineses, perderam a sua identidade por causa dos ditadores, a China sempre sofreu com isso.

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  • Rodrigo Augusto Borges Bustos

    texto de assunto intrigante e importante na historia da china, porem acho crucial frisarmos algumas coisas, tem muitas verdades históricas , mas possui alguma afirmações estranhas e ausência de coisas que possa acrescentar e ampliar o campo de analise do assunto, por isso venho colocar alguns pontos históricos importantes, o ancestralismo como pratica espiritual na china é o politeísmo já existiam antes de aparecer o conceito de monoteísmo, pois a dinastia shang (ou período do osso), já tinham estas praticas, e o monoteísmo foi comumente praticado na dinastia zhou , pois sabemos que nas duas dinastia (shang e zhou ) coexistiam diversas crenças e cosmogonias , e o que se torna curioso que a hideologia do mandato dos céus, conceito que dava a eles o direito de reinar no lugar da familha yin (dinastia shang) (eles coexistiram por um periodo mas depois os zhou os subjugaram ), a firgura do senhor do céus , justificava o mandato do céu , então marques acho uma nota interessante para a sua analise, e Confúcio e Lao Zi , surgiram nesta época justamente por tentar conciliar pensamentos ancestrais e o espirito moderno , pois vale lembrar que este momento na filosofia chinesa é marcado pela vertente da racionalidade e materialismo como vertentes filosóficas ( não confundir com as vertentes ocidentais do racionalismo alemão ,e o materialismo aristotélico ) , Confúcio acreditava que o pluralismo religioso na época dele era devido ao um desornamento da sociedade , e que a sociedade devia se organizar no concreto em vez de crenças, no seu ideal não a espaços para a divindade (repare é um pensamento materialista ), e que o mandato dos ceús é algo de um contrato social , do povo aceitar o imperador e não mais ter servi-lo por ser somente escolhido por deus ( semelhante como ocorria na Europa medieval ) , e lao zi falava que o tao era inerente a natureza , é o divino é indiscernível pelos humanos, e sua não forma o impossibilitaria de dar um mandato ordenado , pois nos que escolhemos seguir o wu wei ( caminho natural das coisas que é um dos fins espirituais dos taoistas) , ou sejá ambos estavam tentando achar argumentos que tirassem o caráter divino e intrasferível do monarca, ou seja calcavam em abrir espaço para uma libertação da monarquia quando fosse necessária , já que shang ti era usado como um escudo ideológico de suas permanência, claro além de outras convicções teologicas e filosoficas .
    Além de poder dizer que o próprio principio teológico de Shang TI era bem diferente do deus hebraico pois as condutas no caso do deus hebraico é dado por ele , agora o Shang TI o conduta era dada pelos reis que eram detentores de seu mandato e dizer como os homens deveriam se comportar.
    Espero poder fomentar um debate rico e interessantíssimo neste ponto que é pouco estudado sobre o monoteísmo no ocidental.
    Uma pergunta de curiosidade alguém de teologia estudou sobre o monoteísmo chinês no curso de formação por aqui ?
    Pois gostaria de saber se é um assunto estudado regularmente. pois ainda temos o monoteísmo persa e egípcio que formam as tradições embrionárias de diversas tradições distintas. sempre acho um debate rico e intrigante este assunto.
    Obs um ultimo adendo o budismo só vai chegar da Índia para china depois da dinastia zhang ou seja depois do monoteísmo.

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    • DANIELLA NEFUSSI

      Não existe melhor maneira de destruir uma civilização e sua cultura do que olhar para ela a partir de fora. Vcs estão fazendo leituras da historia chinesa a partir do sistema de pensamento ocidental Assim vc verão monoteísmo onde não havia monoteísmo. Monoteismo foi criado muito depois e implica, necessariamente, na extinção de qualquer outro deus; No tempo referido de Shang Ti, apensar de todo seu poder, NUNCA foi um deus exclusivo. Mesmo tendo sido o criador do universo, como foi Olodumilá nos yorubas, isso não torna esses sistemas monoteistas. Assim como chamar a filosofia imanente de materialismo é também desconhecer as diferenças entre esses conceitos. A chatisse do pensamento cristão é essa de ficar enfiando todo mundo na mesma caixinha. Eu aconselho vcs a sairem da caixinha na qual estão enfiados. A vida é aqui fora.

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      • Marcelon lourenço de lira

        Se for errado olhar para uma cultura a partir de fora como você diz então e necessário refazer toda historia. inclusive a que você esta falando pois não estava la estar também de fora.

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      • Marcelon lourenço de lira

        e na mesma caixinha sim porque o monoteísmo veio primeiro querem acabar com a verdade mas não para todos.

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        • Hagai Kadosh

          OS HOMENS CRIARAM OS DEUSES, SUAS IMAGENS E SEMELHANÇAS.

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