Sociedade

Religiosos são mais felizes e valorizam mais a vida, sugere pesquisa oficial do Reino Unido

 


Para Karl Marx a religião era “o ópio do povo”, uma droga usada para aliviar a dor da existência cotidiana. Porém, para outras pessoas a fé, bem como a religião, pode significar o sentido da própria vida.

Uma nova análise dos resultados do Índice Nacional de Felicidade da Grã-Bretanha sugere que a religião realmente pode tornar as pessoas mais felizes.

Segundo dados publicados da pesquisa de “bem estar” pelo Instituto Nacional de Estatística (ONS) do Reino Unido, as pessoas que não possuem nenhuma filiação religiosa tem níveis mais baixos de felicidade, satisfação com a vida e auto-estima do que aqueles que possuem religião.

No entanto, por outro lado, os “não crentes” também mostraram níveis mais baixos de ansiedade do que os religiosos.

A constatação emerge de figuras que também mostram uma ligação entre a idade e a felicidade. Isso mostra que a sensação de bem-estar geral do povo teve seu seu pico no final dos anos 60 e início dos anos 70, mas cai durante o final dos anos 70, retomando o seu ritmo a partir dos anos 80 e 90. O estudo também destaca que as pessoas de meia idade são as mais estressados e menos felizes do que as outras faixas etárias.

sentido de valorização da vida

No âmbito do programa, agora em seu quinto ano, uma amostra da população do Reino Unido foi convidada a avaliar suas vidas em uma escala de 0 a 10.

Os participantes foram convidados a responder quatro questões distintas:

1) Como eles estão satisfeitos com suas vidas, em geral;

2) Se eles sentem que o que eles fazem vale a pena;

3) Se eles foram felizes no dia anterior (passado), e

4) Se ficaram ansiosos no dia anterior (passado).

Os números então foram analisados por idade, geografia, emprego e estado civil, bem como a religião.
A pontuação média do britânico típico para “satisfação de vida” foi de 7.53 de 10 e sua felicidade no dia anterior (passado) de 7,38.

Aqueles que se descreveram como “não crentes”, tiveram uma pontuação mais baixa do que os demais no quesito “felicidade”, ligeiramente abaixo da média, em 7,22 de 10.

Neste mesmo quesito os Hindus tiveram média de 7,57. Os Cristãos tiveram média de 7,47. Os Sikhs (Siques) tiveram média de 7,45. Os Judeus tiveram média de 7,37 e os Muçulmanos tiveram média de 7,33.

Diferentes credos se saíram melhores em questões diferentes. Os Judeus por exemplo, ficaram à frente dos Cristãos ao mostrarem uma sensação mais forte no sentido de que suas vidas “valiam a pena.”

Os adeptos de todas as principais religiões marcaram mais pontos do que aqueles com nenhuma afiliação religiosa ou sem fé.

A imagem foi semelhante no quesito “satisfação com a vida” com os Cristãos e Hindus ficando no topo da pontuação, embora os Budistas tenham ficado com pontuação ligeiramente inferior aos de nenhuma fé, marcando 7,4 de 10 em comparação com 7,41, respectivamente.

No entanto, com relação ao quesito “ansiedade” o quadro inverteu-se, sendo os “não crentes” menos ansiosos, ficando com a classificação em 2,9 de 10; enquanto os Judeus se mostraram mais ansiosos, marcando 3,15.

Dr Paul McLaren, um psiquiatra consultor nos Hospitais Priory, disse:

Para muitas pessoas uma fé forte pode ser um fator protetor. Com ela geralmente vem forte apoio social, que é um fator de proteção reconhecida contra o trauma psicológico.

Nick Spencer, diretor de pesquisa do Think-Tank Theos, disse que, enquanto alguns dos resultados poderão ser afetados por fatores temporários, as conclusões sobre como as pessoas sentem-se satisfeitas com suas vidas, sugerem uma “correlação positiva” entre religião e contentamento.

Ele ainda acrescentou:

Você tem que reconhecer que isso não tem nada a dizer sobre a verdade de cada crença religiosa, apenas o seu efeito,…. Ela combina uma tendência no pensamento ao longo dos últimos 10 a 15 anos que diz que a religião, depois de ter sido vista no século 20 como um estágio [minimizado] do progresso, é um aspecto instintivo da natureza humana com benefícios de sobrevivência para ela. [ênfase acrescentada]

A professora Linda Woodhead, da Universidade de Lancaster, uma das principais especialistas do Reino Unido sobre sociologia da religião, disse que os números sugerem que a fé é um fator de felicidade, mas é somente um dos fatores.

Os dados completos sobre a pesquisa oficial podem ser acessados neste link.

 

Fonte: The Telegraph (2016) – Religion can make you happier, official figures suggest

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