Ser Cristão

C. S. Lewis – O Apóstolo dos Céticos

 


Clive Staples Lewis, mais conhecido como C. S. Lewis

Foi um professor universitário, escritor, romancista, poeta, crítico literário, ensaísta e apologista cristão britânico. Durante sua carreira acadêmica, foi professor e membro do Magdalen College, tanto da Universidade de Oxford como da Universidade de Cambridge.

Ele é mais conhecido por seus trabalhos envolvendo a apologia cristã, incluindo as obras “O Problema do Sofrimento” (1940), “Milagres” (1947) e “Cristianismo Puro e Simples” (1952), e a ficção e a fantasia, sendo as obras “As Crônicas de Nárnia” (1950-56), “Cartas de um diabo ao seu aprendiz” (1942) e “Trilogia Espacial” (1938-45), exemplos de sua produção literária voltadas para esses temas. Foi também um respeitado estudioso da literatura medieval e renascentista, tendo produzido alguns dos mais renomados trabalhos acadêmicos envolvendo esses temas no século XX.

Em vida, foi grande amigo do também professor universitário e escritor britânico J. R. R. Tolkien (autor de O Hobbit, O Senhor dos Anéis, O Silmarillion, entre outros). Juntos, os dois serviram como membros do corpo docente da Faculdade de Língua Inglesa da Universidade de Oxford e lideraram o grupo informal de discussão e colaboração literária The Inklings.

Apesar de ter sido criado ao longo da infância dentro das tradições da Igreja da Irlanda, se tornou um ateu convicto na altura de sua adolescência, seguindo essa linha de convicção pessoal até o início de sua idade adulta, quando, por intermédio de Tolkien, voltou a professar a fé cristã, se tornando um árduo defensor do cristianismo até o fim de sua vida e carreira.

Nascimento, infância e adolescência

Nascido na cidade de Belfast, Irlanda (atual Irlanda do Norte), em 29 de novembro de 1898, Clive Staples Lewis cresceu no meio dos livros da seleta biblioteca particular de sua família, criando nesta atmosfera cultural um mundo todo próprio, dominado por sua fértil imaginação e criatividade. Filho caçula de Albert James Lewis (1863-1929) e de sua esposa, Florence Augusta Lewis (1862-1908), Clive foi descrito como uma “criança sonhadora”. Quando tinha três anos, decidiu adotar o nome de “Jack”, pelo qual ficaria conhecido na família e no círculo de amigos próximos durante toda a vida.

Quando eram adolescentes, Lewis e seu irmão Warren Lewis, três anos mais velho que ele, passavam quase todo o seu tempo dentro de casa dedicando-se à leitura de livros clássicos, e distantes da realidade materialista e tecnológica do século XX. Aos 10 anos, em 1908, a morte prematura de sua mãe fez com que ele se isolasse ainda mais da vida comum dos garotos de sua idade, buscando refúgio no campo de suas histórias e fantasias infantis. Na sua adolescência encontrou a obra do compositor Richard Wagner e começou a se interessar pelas mitologias nórdica e grega, e por línguas, como o latim e o hebraico.

Educação

Sua educação foi iniciada por um tutor particular, ainda na Irlanda, sendo enviado a Malvern College, em Worcestershire, Inglaterra, aos 12 anos de idade. Em 1916, aos 18 anos, foi admitido no University College, em Oxford, Inglaterra. O serviço militar exigido pela Primeira Guerra Mundial (1914–18) interrompeu seus estudos. Em 1918, aos 20 anos, retornou à Oxford.

Durante a Primeira Guerra Mundial conheceu outro soldado irlandês, Paddy Moore, com quem começou amizade. Os dois fizeram uma promessa: se um deles falecesse durante o conflito, o outro tomaria conta da família respectiva. Moore faleceu em 1918 e Lewis cumpriu seu compromisso. Após o final da guerra, procurou a mãe de Paddy Moore, a senhora Janie Moore, com quem estabeleceu uma profunda amizade até a morte desta em 1951. Lewis viveu em várias casas arrendadas com Moore e a sua filha Maureen, fato que desagradou o seu pai. Por esta altura Clive já abandonara o cristianismo no qual fora educado.

Lewis formou-se com louvor em letras e literatura aos 22 anos, em Oxford. Também se formou em teologia e linguística. De 1925 a 1954, lecionou no Magdalen College, também em Oxford, fazendo parte do corpo docente e servindo de consultor literário e teólogo da Universidade até sua morte, em 1963. Foi professor de Literatura Medieval e Renascentista na Universidade de Cambridge.

Tornou-se altamente respeitado neste campo de estudo em toda a Europa, tanto como professor quanto como escritor. Seu livro “A Alegoria do Amor: um Estudo da Tradição Medieval“, publicado em 1936, é considerado por muitos, seu mais importante trabalho, pelo qual ganhou o prêmio Gollansz Memorial de literatura. Em Oxford conheceu vários escritores famosos como J. R. R. Tolkien (de quem viria a se tornar grande amigo, discutindo com quem, numa noite em 1931, converteu-se ao cristianismo), além de T. S. Eliot, G. K. Chesterton e Owen Barfield.

Vida e obra

Lewis voltou à fé cristã no início da década de 1930. Dedicou-se a defendê-la e permaneceu na Igreja Anglicana (o conhecido teólogo evangélico J. I. Packer foi clérigo na igreja que Lewis frequentava). Tornou-se popular durante a Segunda Guerra Mundial, por suas palestras transmitidas pela rádio BBC da Inglaterra e por seus escritos, sendo chamado de “apóstolo dos céticos”, especialmente nos Estados Unidos.

Lewis notabilizou-se por uma inteligência privilegiada, e por um estilo espirituoso e imaginativo. “O Regresso do Peregrino“, publicado em 1933, “O Problema do Sofrimento” (1940), “Milagres” (1947), e “Cartas de um diabo ao seu aprendiz” (1942), são provavelmente suas obras mais conhecidas. Escreveu também uma trilogia de ficção científico-religiosa, conhecida como a “Trilogia Espacial“: “Além do Planeta Silencioso” (1938), “Perelandra” (1943), e “Aquela Força Medonha” (1945). Para crianças, escreveu uma série de fábulas, começando com “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa” em 1950. Sua autobiografia, “Surpreendido pela Alegria“, foi publicada em 1955.

Doença e morte

No início de junho de 1961, Lewis começou a ter problemas de saúde e foi diagnosticado com inflamação nos rins que resultaram em envenenamento do sangue. A doença fez com que perdesse o período de outono na Universidade de Cambridge, apesar de seu estado de saúde começar a melhorar gradualmente em 1962, voltando em abril. A saúde de Lewis continuou melhorando. Em 15 de julho 1963, adoeceu e foi internado no hospital. No dia seguinte, às 17h, sofreu um ataque cardíaco e entrou em coma; inesperadamente acordou no dia seguinte às 2h.

Depois de receber alta do hospital, Lewis voltou ao lar, embora estivesse doente demais para voltar ao trabalho. Assim, renunciou ao cargo em Cambridge, em agosto daquele ano. Sua condição continuou a piorar, e em meados de novembro, foi diagnosticado com estágio final de insuficiência renal. Em 22 de novembro de 1963, exatamente uma semana antes de seu 65º aniversário, entrou em colapso em seu quarto às 17h30 e morreu poucos minutos depois. Foi enterrado no cemitério da Igreja da Santíssima Trindade, Headington, Oxford. Seu irmão Warren Hamilton “Warnie” Lewis, que morreu no dia 9 de abril de 1973, foi mais tarde enterrado no mesmo túmulo.

CS Lewis morreu no mesmo dia de Aldous Huxley, e o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy. A coincidência serviu como pano de fundo para o livro “O Diálogo – Um debate além da morte entre John F. Kennedy, C. S. Lewis e Aldous Huxley, de Peter Kreeft”, onde os três personagens, representando o teísmo ocidental (Lewis), o humanismo ocidental (Kennedy) e o panteísmo oriental (Huxley), discutem sobre religião e cristianismo.

Sucesso internacional

É bastante conhecida sua influência sobre personalidades ilustres da nossa época, dentre elas Margaret Thatcher, ex primeira ministra do Reino Unido. Seus livros foram lidos pelos seis últimos presidentes americanos, e muitos de seus pensamentos foram citados em seus discursos. Venderam-se mais de 200 milhões de cópias dos 38 livros escritos por Lewis, os quais foram traduzidos para mais de 30 línguas, incluindo a série completa de Nárnia para o polonês, ainda durante a Guerra fria, e o russo. Entre 1996 e 1998, quando foi celebrado o seu centenário.

Foram escritos cerca de 50 novos livros sobre sua vida e seus trabalhos, completando mais de 150 livros desde o primeiro, escrito em 1949 por Chad Walsh: “C. S. Lewis: O Apóstolo dos Céticos“. Deu-se seu nome a um asteroide, o 7644 Cslewis, descoberto em 4 de novembro de 1988 por Antonín Mrkos.

Relação com J. R. R. Tolkien

Lewis e Tolkien foram grandes amigos durante décadas, até a morte de Lewis (em 1963, aos 64 anos, quase dez anos antes da morte do próprio Tolkien), e essa amizade foi explorada no livro “O Dom da Amizade: Tolkien e C. S. Lewis”. De fato, Lewis contribuiu para a existência de O Senhor dos Anéis, sendo um dos primeiros a ler O Hobbit; Tolkien jamais deixou de admirar a grande inteligência e criatividade de Lewis, e vice-versa.

Obras

Não ficcionais

– Lewis, Clive Staples (2012) [1936], The Allegory of Love: A Study in Medieval Tradition, É.
– Lewis, Clive Staples (1939), Rehabilitations and other essays — com dois ensaios não incluídos em Essay Collection (2000).
– Tillyard, EMW (1939), The Personal Heresy: A Controversy.
– The Problem of Pain, Vida, 2006 [1940].
– A Preface to Paradise Lost, 1942.
– The Abolition of Man, Martins Fontes, 1943.
– Beyond Personality, 1944.
– Miracles: A Preliminary Study, Vida, 2006 [1947, revisado em 1960].
– Arthurian Torso, 1948; sobre a poesia de Charles Willliams.
– Mere Christianity, Martins Fontes (baseado em palestras por rádio de 1941–44; antes publicado em português como Mero Cristianismo).
– English Literature in the Sixteenth Century Excluding Drama, 1954.
– Surprised by Joy: The Shape of My Early Life, Vida.
– Reflections on the Psalms, 1958.
– The Four Loves, Martins Fontes.
– Studies in Words, 1960.
– An Experiment in Criticism, 1961.
– Clerk, NW (2006) [1961], A Grief Observed, Vida.
– The Discarded Image: An Introduction to Medieval and Renaissance Literature, 1964.
– Fowler, Alastair, ed. (1967), Spenser’s Images of Life.
– Selected Literary Essays, 1969 — não incluído em Essay Collection (2000)
– Undeceptions, 1971 [God in the Dock: Essays on Theology and Ethics, 1970] — todos incluídos em Essay Collection (2000)
– Studies in Medieval and Renaissance Literature, 1966 — não incluído em Essay Collection (2000)
– Letters to an American Lady, Vida, 2006 [1967].
– Letters to Malcolm: Chiefly on Prayer (1972)
– Of Other Worlds (1982; ensaios) — com apenas um ensaio não incluído em Essay Collection
– All My Road Before Me: The Diary of C. S. Lewis 1922-27 (1993)
– Essay Collection: Literature, Philosophy and Short Stories (2000)
– Essay Collection: Faith, Christianity and the Church (2000)
– Collected Letters, Vol. I: Family Letters 1905-1931 (2000)
– Collected Letters, Vol. II: Books, Broadcasts and War 1931-1949 (2004)

Ficcionais

– The Pilgrim’s Regress (1933) (O Regresso do Peregrino)
– As Crônicas de Nárnia (toda a série foi publicada em português)
– The Magician’s Nephew (também chamado de Os Anéis Mágicos).
– The Lion, the Witch and the Wardrobe.
– Prince Caspian, 1951.
– The Voyage of the Dawn Treader, 1952 (também chamado de O Navio da Alvorada).
– The Silver Chair, 1953.
– The Horse and His Boy, 1954 (também chamado de O Cavalo e o Menino).
– The Last Battle, 1956.
– Trilogia Espacial.
– Out of the Silent Planet, 1938 (ou Além do Planeta Silencioso).
– Perelandra, 1943.
– That Hideous Strength, 1945.
– The Screwtape Letters, Martins Fontes, 1942 (ou Cartas do inferno ou As Cartas do Coisa-Ruim).
– The Great Divorce, Vida, 2006 [1945].
– Till We Have Faces (1956)
– Letters to Malcolm: Chiefly on Prayer (1963)
– The Dark Tower and other stories (1977)
– Boxen: The Imaginary World of the Young C. S. Lewis (ed. Walter Hooper, 1985)

Poesia

– Spirits in Bondage (1919; publicado sob o pseudônimo de Clive Hamilton)
– Dymer (1926; publicado sob o pseudônimo de Clive Hamilton)
– Hooper, Walter, ed. (1969), Narrative Poems; inclui Dymer.
– Hooper, Walter, ed. (1994), The Collected Poems of C. S. Lewis; inclui Spirits in Bondage.

Coletâneas

– Um Ano com C. S. Lewis – Leituras diárias de suas obras clássicas, Greggersen, Gabriele trad, Ultimato.

Obras sobre C. S. Lewis

– Duriez, Colin, Manual Prático de Nárnia.
– O dom da amizade: Tolkien e C. S. Lewis, Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
– Downing, David, C.S. Lewis – O Mais Relutante dos Convertidos, Vida.
– Greggersen, Gabriele, ed., O Evangelho de Nárnia, Vida Nova.
– A Antropologia Filosófica de C. S. Lewis, Mackenzie.
– A Magia das Crônicas de Nárnia I, GW.
– Pedagogia cristã na obra de CS Lewis, Vida.
– Kreeft, Peter, O Diálogo – Um debate além da morte entre John F. Kennedy, C. S. Lewis e Aldous Huxley, Mundo Cristão.
– Magalhães, Glauco Barreira filho, O Imaginário em As Crônicas de Nárnia, Mundo Cristão.
– Magalhães, Glauco Barreira filho, Lições das Crônicas de Nárnia, Abba.
– O Milagre do Livro “Milagres”, Agbook.
– O Destinograma, Clube de Autores.
– O Grande Divórcio do Egocentrismo, Agbook e Clube de Autores.
– Nicoli, Armand, C.S. Lewis e Freud debatem sobre Deus, amor, sexo, e o sentido da vida, Greggersen, Gabriele trad, Ultimato.
– Veith, Gene, A Alma de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, Habacuc.

 

Referências:

Find a Grave – Clive Staples Lewis [link]
Duriez 2006 [link]
Carpenter, Humphrey (1978). The Inklings (Londres: Allen & Unwin).
Carpenter, Humphrey (2006). The Inklings: CS Lewis, JRR Tolkien and Their Friends (em inglês) HarperCollins [S.l.] ISBN 0-00-774869-8.
Dodd, Celia (2004). Human nature: Universally acknowledged (Londres: The Times). [link]
Livros de CS Lewis, Projecto Gutenberg [link]
The Center for the Study of CS Lewis & Friends, Taylor University [link]
CS Lewis, Open Directory [link]
Perelandra the Opera [link]
CS Lewis, BR [link]
Artigos: “Lei do certo e do errado” [link] e “Amar o próximo como a si mesmo?” [link]. 

Fonte: Wikipedia

Imagem fonte: Jake Weidmann

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