Sociedade

Até quando o Ocidente protegerá a homofobia islâmica?

 


Uma das maiores preocupações na agenda dos grupos de direitos humanos em geral tem sido a opressão das minorias, e os homossexuais vêm sendo o grupo que tem recebido destaque quando o tema é discutido, principalmente em razão do ativismo do movimento LGBT, o qual tem obtido êxito em muitas de suas articulações, pelo que, diversos países ocidentais mudaram legislações para atender a demanda dos direitos pleiteados, tais como, mudança de sexo, casamento e adoção de crianças.

E na comemoração do Dia Nacional da Memória Trans, que lembra as vítimas fatais dos crimes transfóbicos ou de gênero, a instituição europeia Transgender Europe – TGEU, constituída por 150 organizações em 42 países, informa que de janeiro até setembro desse ano foram mortas 240 pessoas, ressaltando, ainda, que em oito anos, as vítimas fatais foram computadas em número de 2.264 pessoas. [1]

Segundo TGEU, as regiões da América Central e América do Sul, incluindo a zona do Caribe, são as que registram maior número de assassinatos com 171 vítimas nos oito anos, isto numa relação onde constam apenas 23 países, sendo certo que no Brasil foram 123 mortes no último ano.

Por curiosidade, fui pesquisar a relação de países que compõem a “lista negra” da TGEU e percebi que eram apenas Estados europeus e as Américas, à exceção da Turquia, único país muçulmano presente. Insatisfeita por não ter acesso fácil aos dados sobre os crimes praticados contra homossexuais em países muçulmanos, resolvi pesquisar o tema e grande foi a minha perplexidade, uma vez que não constatei elevado número de ativistas denunciando o assassinato de homossexuais como “crimes estatais” em países muçulmanos.

Além disso, os dados sobre a listagem de países onde existem leis anti-LGBT são desencontrados. Observei números diversos apresentados entre as instituições que defendem a comunidade LGBT, variando de 72 a 78 países que teriam leis homofóbicas.

Interessante notar que percebe-se a existência de não poucos apologistas de um mundo muçulmano tolerante para com as minorias de gênero, e em muitos casos, utilizam “exemplos fajutos” de leis inclusivas como ocorrido em 1988, quando estudiosos da Universidade al-Azhar declararam que a cirurgia de mudança de sexo seria aceitável pela lei islâmica, bem como a declaração em 1987, do Ayatollah Khomeini, de que as cirurgias em transgêneros seriam permitidas, sendo que ambas as decisões foram tomadas embasadas na crença de que “uma pessoa nasce transgênero, mas escolhe ser homossexual, tornando a homossexualidade um pecado“. Contudo, os mesmos defensores não se manifestam quanto aos vários muçulmanos que após a cirurgia sofrem rejeição social e cultural em suas próprias comunidades além de violência verbal e física.

Em abril de 2012, o Ayatollah iraniano Abdollah Javadi-Amoli, disse que os homossexuais são inferiores aos cães e suínos, já que esses animais (presumivelmente) não se envolvem em tais atos[2]. As redes sociais não alardearam tamanha perversidade advinda de importantíssima autoridade religiosa xiita que desumanizou homossexuais de forma tão abjeta.

Apesar de ainda ser negada por muitos defensores de “países islâmicos tolerantes”, a verdade é que em todos os Estados muçulmanos, a comunidade LGBT sofre perseguição.

Muito embora nenhum país não-muçulmano tenha adotado pena de morte para comportamento homossexual, no mundo muçulmano a criminalização e discursos de ódio levam homossexuais a ser demonizados, banidos, espancados, forçados ao casamento, flagelados, encarcerados, chicoteados, enforcados, apedrejados, lançados de telhados, torturados e fuzilados. Na Arábia Saudita sunita, berço do islã, e no Irã xiita, os homossexuais são decapitados, enforcados e apedrejados. Ademais, em todos os países muçulmanos são proibidos o casamento e a união estável de pessoas do mesmo sexo.

Dessa forma, é de total incongruência a ideia de apoiar o islã concomitantemente aos direitos homossexuais. Ambos são incompatíveis. Pelo menos, é isso que mostra a realidade de extremismo encarada nos países muçulmanos. No Iraque, existem juízes e milícias em todo país que emitem sentença de morte em caso de prática sexual de pessoas do mesmo sexo. E a própria Autoridade Nacional Palestina  – considerada facção moderada pelo Ocidente – decreta pena de morte para homossexuais, mas, porventura vemos protestos dos ativistas de direitos humanos nas redes sociais?

O silêncio geral induz o entendimento de que  a formação de um Estado palestino está acima dos direitos humanos e a civilização ocidental acredita que inexiste problema grave no caso de surgir mais um Estado teocrático islâmico com ações terroristas e violando direitos elementares de sua população.

No Ocidente, apesar de já se perceber alguns grupos muçulmanos que trabalham com a inclusão dos homossexuais, dia após dia multiplicam-se os discursos de ódio de importantes lideranças islâmicas. Recentemente, o xeique britânico Farrokh Sekaleshfar disse no Canadá que

é um ato de compaixão fazer com que os homossexuais sejam mortos. [3]

E nunca é demais lembrar que uma semana antes do massacre realizado por um muçulmano na boate gay de Orlando, esse líder discursou em mesquita na Flórida. [4]

A perseguição muçulmana aos homossexuais é tão cruel que não poupa nem mesmo os refugiados em todos os países europeus nos quais sofrem agressões verbais, físicas e sexuais, sendo que alguns foram obrigados a fugir dos abrigos. Os agressores são refugiados muçulmanos, funcionários e tradutores, mas a imprensa desejosa de justificar a intolerância islâmica defende como “choque cultural” a prática criminosa desses refugiados muçulmanos e ainda rotula a evidente homofobia islâmica de “tabu”. [5]

Porém, a mesma imprensa que denomina “choque cultural” ações de violência e ameaça contra homossexuais oriundas de muçulmanos, trata de forma diferente as críticas  provenientes de cristãos, rotulando-as de “homofobia”, apesar de não haver discurso de lideranças cristãs ordenando a morte de homossexuais como fazem as mais renomadas autoridades religiosas muçulmanas.

Por que o tratamento discrepante? Por que a violência muçulmana é justificável e a crítica cristã abominável ao ponto de ser pleiteada a criminalização? Acaso não se configura odioso relativismo moral?

Enquanto diversos movimentos LGBT fazem manifestações profanando símbolos da fé cristã de forma demasiadamente desrespeitosa, acusando em todo Ocidente as igrejas de promoverem homofobia, não percebemos as mesmas ações em relação ao islã e aos países muçulmanos que causam terrível sofrimento aos seus pares.

Em maio, um grupo de 51 Estados muçulmanos impediu organizações homossexuais e transgêneros de participarem de uma reunião de alto nível da ONU para tentar acabar com a Aids. O Egito escreveu ao presidente da Assembleia Geral em nome da Organização de Cooperação Islâmica manifestando oposição dos países que formam o bloco quanto à participação dos 11 grupos.

Na ocasião, a embaixadora dos Estados Unidos, Samanta Power, afirmara:

Dado que as pessoas transexuais são 49 vezes mais propensas a viver com HIV do que a população em geral, a sua exclusão da reunião de alto nível só irá impedir o progresso global no combate à pandemia de HIV/SIDA. [6]

Logo, a homofobia islâmica funcionou como obstáculo para o combate de uma pandemia e não se ouviu o vozerio de necessárias condenações nas redes sociais e grande mídia. Por que será?

O secretário-geral da ONU, Ban ki-moon, defendeu ardorosamente a igualdade LGBT, mas, enfrentou ferrenha oposição dos Estados africanos e muçulmanos, assim como da Rússia e China.

Muçulmanos e comunistas se unem para impedir o avanço da agenda LGBT, porém, o pior inimigo continua sendo a igreja. Estranho, não?

É isso… O Ocidente enfrenta como inocente “tabu” as repugnantes práticas islâmicas contra minorias de gênero, que são notórias violações dos direitos humanos, para se moldar no “padrão politicamente correto”. Entrementes, o mundo muçulmano enfrenta como “pecado passível de punição” a liberdade sexual tão defendida pelos ocidentais, para continuar impondo o “padrão sharia” aos homossexuais que ousam violar os ditames religiosos impostos à força.

Alguém tem dúvida de qual civilização sucumbirá em virtude da sua deturpada visão de mundo?

 

Referências:

[1] DN Mundo – Mais de 2200 pessoas “trans” mortas nos últimos oito anos e meio no mundo;

[2] The Religion of Peace – Homosexuality, What is Islam’s position on the treatment of homosexuals?;

[3] Truthophones – Islam Kills Homosexuals;

[4] YouTube – Líder Muçulmano diz que matar gays é um ato de compaixão;

[5] Folha de São Paulo – Refugiados e migrantes gays sofrem agressões em abrigos na Europa;

[6] Reuters – Muslim states block gay groups from U.N. AIDS meeting; U.S. protests;

Imagem fonte: Reprodução Google

Andréa Fernandes

Graduada em Direito, Ciências Contábeis e Relações Internacionais, é Diretora-Presidente da ONG Ecoando a Voz dos Mártires, instituição humanitária que milita denunciando a perseguição religiosa e violações dos direitos humanos no mundo muçulmano junto ao Ministério das Relações Exteriores e demais órgãos públicos, bem como promove eventos objetivando fomentar conscientização humanitária para socorrer as vítimas da intolerância religiosa. É também colunista no Portal Gospel Prime. Para saber mais sobre Andréa, acesse a página Equipe no rodapé do site.

4 thoughts on “Até quando o Ocidente protegerá a homofobia islâmica?

  • Muito obrigado por chamar a atenção para mais este grave erro das esquerdas pró-islâmicas, Andréa!!!

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  • Ildomar Marques

    O objetivo é perseguir o cristianismo até extinguí-lo. Isso é plano tanto do globalismo multicultural ocidental, quanto do globalismo islâmico. Um faz vista grossa pro outro porque tem um inimigo comum. A militância LGBT progressista é massa de manobra. Quando não for mais útil, será descartada. As ONGs são agência de infiltração de poder alienígena para destruir as soberanias nacionais e a identidade local. No final essa besta de duas cabeças (globalismo ocidental e globalismo islãmico) irá se unir a uma terceira cabeça – o Eurasianismo. Os tres esquemas de dominação mundial terão seu governo único, centrado na ONU. SE você ler a visão geopolítica do Professor Olavo de Carvalho, vai entender direitinho porque essa (aparente) contradição coexiste pacificamente.

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