Sociedade

Feministas ocidentais, uni-vos contra o feminicídio islâmico

 


Inicio minhas palavras com a esperança de contar com a aprovação parcial das feministas, pois sou uma mulher tratando de assunto que envolve o “gênero feminino”, isto porque, já percebi que a concepção dos homens acerca dos direitos das mulheres não é muito bem-vinda no universo feminista.

No mês de novembro, a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) divulgou relatório afirmando que,..

todos os dias, 12 mulheres latino-americanas e caribenhas morrem apenas pelo fato de serem mulheres.

Por sua vez, o Observatório de Igualdade de Gênero da América Latina e do Caribe (OIG), vinculado à ONU, informa que 2.089 mulheres foram vítimas de feminicídio.

Contudo, a rede BBC divulgou a matéria intitulada “País por país: o mapa que mostra os trágicos números dos feminicídios na América Latina”[1], e segundo a reportagem, o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking de “maior taxa de feminicídio do mundo”. A fonte que apontou o nível de violência global contra as mulheres é o estudo Mapa da Violência 2015 – Homicídio de mulheres no Brasil. Dessa forma, resolvi ler o conteúdo da referida pesquisa, e percebi que foi no mínimo pretensiosa, a notícia da BBC.

O estudo está fundamentado em dados da OMS acerca da mortalidade por armas de fogo em apenas 90 países, ou seja, menos da metade dos Estados que compõem a comunidade internacional, o que por si só, já demonstra a temeridade de afirmar que um número tão reduzido de países demonstraria com precisão a taxa de feninicídio global.

Aliás, causou-me espécie constatar que as “teocracias islâmicas da misoginia” ficaram de fora da tal pesquisa que pretende denunciar a violência mundial contra as mulheres. Por que será? Estive lendo a relação de países e percebi que constavam apenas 10 países muçulmanos cujos dados de violência por armas de fogo foram contemplados. Mas, se são 56 países muçulmanos, por que não relacionar os dados pertinentes a todos?

Difícil acreditar que os pesquisadores brasileiros realmente nada sabem quanto à misoginia assassina presente em Estados muçulmanos na África, Ásia e Oriente Médio. Por sinal, veicular uma pesquisa que avalia o assassinato de mulheres com base tão somente em armas de fogo é uma afronta à nossa inteligência. Talvez, os estudiosos não tenham aprendido com os países muçulmanos os variados instrumentos utilizados pelos homens para matar mulheres, muitos deles regulamentados pelos governos. Apedrejamentos[2], espancamentos, facadas, ateamento de fogo[3] e ácido[4], etc; a lista de atrocidades contra a mulher é bem variada.

Vou além na minha crítica: propalar taxas globais enganosas sobre assassinato de mulheres sem mencionar os “crimes de honra” (violência cometida por um ou mais membros de uma família contra uma mulher do mesmo grupo familiar), é uma verdadeira desonestidade intelectual. Mas, seria demasiadamente “islamofóbico” informar que 91% desse tipo de crime é praticado por muçulmanos[5]. Por isso, que os nossos pesquisadores fogem dessa modalidade pernóstica de criminalidade que resulta anualmente em milhares de mortes esquecidas pelas feministas ocidentais.

Em 2015, os crimes de honra foram responsáveis pela morte de pelo menos 1.100 paquistanesas[6] e 1.000 indianas. São comuns os casos de violência como o sofrido por Zeenat Rafig, de 18 anos, que foi torturada, estrangulada e queimada viva pela própria mãe por se casar sem a autorização da família, o que é considerado “desonra” no país[7]. Até rejeição de proposta de casamento é motivo para que uma mulher seja queimada viva.

Quando a província de Punjab aprovou lei penalizando todas as formas de violência contra a mulher, mais de 30 grupos religiosos juntamente com os principais partidos islâmicos exigiram a sua revogação imediata sob pena de protesto. A proposta para amenizar a fúria misógina paquistanesa adveio do Conselho de Ideologia Islâmica, que cumpre a “nobre missão” de assessorar o governo, aconselhando-o que tornasse “legal” o ato dos maridos “baterem levemente” em suas mulheres. Melhor do que matar, não?

A Rede de Conscientização sobre Violência Baseada na Honra (HBVA), que trabalha com as temáticas de crimes de honra e casamento forçado, afirma que essas formas de violência de gênero,..

são, na verdade, práticas comuns em muitas, comunidades, incluindo as comunidades do Paquistão, Bangladesh e Oriente Médio no Reino Unido. [8]

A instituição noticia cinco mil homicídios caracterizados como crimes de honra por ano e os países onde as ocorrências são mais acentuadas estão localizados na Ásia, Oriente Médio e Norte da África[9]. Estranhamente, essas atrocidades que superam as estimativas de feminicídio apresentadas pela ONU na América Latina, não motivam preocupação da BBC, que se uniu às feministas de forma espúria ao silenciar sobre dados escabrosos desconhecidos pela opinião pública.

É claro que a violência e o assassinato de mulheres na América Latina e no Brasil são temas que devem ser denunciados, discutidos e condenados ardorosamente, pois tratam-se de abjetas violações dos direitos humanos as ações violentas e assassinatos de quase 3 mil mulheres na América Latina e 4.762 brasileiras (dados de 2013). Porém, é injustificável a posição da BBC e dos grupos feministas ao ocultarem a matança de mulheres promovida por muçulmanos. Isso é um caso vergonhoso de relativismo moral.

Interessante perceber que as feministas também não denunciam e condenam as ações de feminicídio advindas de governos muçulmanos. Onde estão as estatísticas de execuções de “adúlteras” em países muçulmanos? E o caso das menores de idade presas no Irã à espera da execução?[10] Impossível condenar o assassinato de mulheres quando “a cultura” é islâmica, não é verdade?

Enfim, o “feminicídio islâmico” inexiste no universo multiculturalista que abomina violações dos direitos humanos, desde que, cometidas por “sociedades opressoras ocidentais”. Assim, resta-nos, aguardar o “feminismo da geração Ipod” descobrir a dura vida que leva a mulher no mundo muçulmano.

As mesquitas aguardam os “singelos e respeitosos” protestos das “ordeiras meninas” de braços abertos!

 

Referências:

[1] BBC- País por país: o mapa que mostra os trágicos números dos feminicídios na America Latina
[2] G1 – Talibãs e chefes de guerra apedrejam mulher por adultério no Afeganistão
[3] Aleteia – Paquistão: cristã queimada viva por recusar casamento islâmico
[4] Ideia Fixa – O direito das mulheres de Bangladesh é desfigurado com ácido
[5] Ecoando a Voz dos Mártires – Paquistão: Segundo Organização de Direitos Humanos, mais de 3 mil mulheres foram mortas por familiares em “crimes de honra”
[6] BBC – Pakistan honour killings on the rise, report reveals
[7] Ecoando a Voz dos Mártires – A Paquistanesa de 18 anos torturada e morta pela própria mãe após se casar por amor
[8] HBVA – Honour Based Violence Awareness Network
[9] HBVA – Statistics & Data
[10] Marie Claire – À espera da morte: Fotógrafo iraniano retrata meninas menores de idade à beira da execução

Andréa Fernandes

Graduada em Direito, Ciências Contábeis e Relações Internacionais, é Diretora-Presidente da ONG Ecoando a Voz dos Mártires, instituição humanitária que milita denunciando a perseguição religiosa e violações dos direitos humanos no mundo muçulmano junto ao Ministério das Relações Exteriores e demais órgãos públicos, bem como promove eventos objetivando fomentar conscientização humanitária para socorrer as vítimas da intolerância religiosa. É também colunista no Portal Gospel Prime. Para saber mais sobre Andréa, acesse a página Equipe no rodapé do site.

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