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Palácio do rei Senaqueribe é descoberto nas ruínas do túmulo de Jonas, destruído pelo ISIS

 


Após o exército iraquiano ter recuperado a cidade de Nínive das mãos dos terroristas do Isis (autodenominado Estado Islâmico), arqueólogos fizeram uma descoberta inesperada e fantástica nas ruínas santuário onde estava o túmulo do profeta Jonas, que foi destruído pelos terroristas em 2014. O santuário está situado no topo de uma colina no leste de Mosul chamado Nebi Yunus – um dos 2 montes que fazem parte da antiga cidade assíria.

Ruínas do santuário onde estava o túmulo do profeta Jonas, em Mosul, destruída pelo Isis em 2014.

Os arqueólogos encontraram partes do palácio do antigo rei assírio Senaqueribe, citado na Bíblia por causa da sua invasão ao antigo Reino de Judá, em 701 a.C. O rei assírio acabou assassinado por dois dos seus filhos, sendo que outro dos seus filhos, Assaradão, tornou-se rei da Assíria (681 a.C. a 669 a.C.) e ampliou o palácio que foi depois, remodelado pelo seu sucessor, Assurbanípal, o último grande líder da Assíria.

Quando os arqueólogos documentavam os estragos provocados pelo grupo terrorista no túmulo de Jonas, tropeçaram nos vestígios do antigo palácio de Senaqueribe. O jornal britânico The Telegraph, que relatou a descoberta, conta que os arqueólogos chegaram aos vestígios do palácio graças aos túneis escavados pelos terroristas, que tinham a intenção de procurar artefatos antigos para vendê-los.

Inscrição em pedra de mármore, com referência a Assaradão, em escrita cuneiforme (à direita) – uma das primeiras formas de escrita – datada de 672 a.C

Foi nessa travessia pelos túneis que a arqueóloga iraquiana Layla Salih descobriu uma inscrição cuneiforme numa pedra com referência a Assaradão, datada de 672 a.C, data em que o palácio integrava a antiga cidade assíria de Nínive. Os arqueólogos encontraram também antigas esculturas assírias em pedra.

Uma outra escavação no santuário havia sido realizada pelo governador otomano de Mosul em 1852, mas foi superficial, sendo o mesmo revisitado pelo departamento iraquiano de antiguidades na década de 1950. Mas nenhuma das equipes chegou até o palácio.

Os objetos não combinam com as descrições do que pensávamos estar lá em baixo, por isso a destruição causada pelo ISIS nos levou, na verdade, a uma descoberta fantástica. Há uma grande quantidade de história lá em baixo, não apenas pedras ornamentais. É uma oportunidade para, finalmente, mapear a “casa-do-tesouro” do primeiro grande império do mundo, durante o período do seu maior sucesso, explica a professora Eleanor Robson, diretora do Instituto Britânico para Estudo do Iraque.

E não se sabe que relíquias os terroristas podem ter encontrado antes de os arqueólogos terem chegado ao santuário.

Acreditamos que eles tiraram muitos artefatos, tais como cerâmica e peças pequenas, para vender, disse Layla Salih ao The Telegraph.

A grande preocupação dos arqueólogos no momento são os túneis que estão em risco de “colapsar”, pois não foram construídos de forma profissional. Caso isso aconteça, colocará em cheque o patrimônio histórico já encontrado e paralisará a investigação de novas descobertas.

 

Fonte: The Telegraph

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